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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Os últimos devaneios de 2014

Volta e meia vejo gente dizendo que a vida é curta e se pautando nesse conceito para tomar decisões atitudes e coisas do tipo. Embora eu concorde que seja louvável sair da estagnação e fazer as coisas acontecerem em sua própria vida, acho que existe um erro de conceito quando você o faz partindo da ideia que a vida é curta. Ela não é, ela dura uma vida inteira. Eu, em vez disso, venho tentando pautar minhas decisões e atitudes nem tanto na brevidade da vida, mas sim em sua inevitabilidade e imprevisibilidade.
Devemos aceitar correr certos riscos, dar a cara a tapa, mesmo, e digo isso principalmente no que se refere a relacionamentos. Não sabemos até quando aquela pessoa para quem precisamos dizer algo ainda estará lá para ouvir; mas nos prendemos tanto à questão de não saber qual será sua reação que acabamos perdendo nossa própria reação. Enfim, como de costume, só um monte de pensamentos não necessariamente conexos, mas que precisavam de uma via para serem desabafados.
Espero ter feito a coisa certa.

domingo, 13 de julho de 2014

sexta-feira, 22 de março de 2013

Arte? Entretenimento?

Salve, pessoal! Estou voltando aqui para resmungar um pouco sobre um assunto que já vem ocupando minha mente vez por outra faz um bom tempo.
A questão é a seguinte: eu venho vivendo sob a impressão de que o sucesso da indústria do entretenimento em transformar expressões de arte em formas de entretenimento lucrativas está desestimulando o surgimento de pessoas envolvidas com essas mesmas expressões que busquem abordar seu trabalho como arte. Como assim?
É uma tendência que eu, pelo menos, identifico de forma BEM clara nos meios da literatura, cinema e música (mas deve haver exemplos em outras formas com as quais eu não tenho tanta familiaridade): estamos vendo cada vez menos exemplos de obras que estimulem alguma forma de reflexão para serem apreciadas e compreendidas; em vez disso, estamos sendo, isso sim, bombardeados com filmes, livros e músicas que são simplesmente "legais", que vendem muito (tanto por serem legais e por terem operações de marketing muito eficientes), mas que não adicionam nada ao leitor/espectador/ouvinte.
Eu tenho noção clara que dizer esse tipo de coisa em um blog de cultura pop (que era o tipo de ambiente em que eu costumava escrever sobre livros e filmes) pode dar uma impressão errada, como se eu estivesse me achando "superior" de alguma forma e reduzindo quem consome essa produção de entretenimento a pessoas com menor capacidade intelectual. Não é bem por aí. O problema que estou apontando é a ausência de produção que exija mais do receptor da mensagem, e a consequência que é a formação em massa de um público receptor que busca cada vez mais essa mensagem de assimilação automática. A coisa fica mais grave ainda quando consideramos que os públicos consumidores de filmes, livros e música efetivamente se sobrepõem. Então, um adolescente, que esteja em pleno processo de desenvolvimento de seu gosto, sua identidade, como leitor, não está sendo exposto a algo que o estimule a se questionar quanto ao que lê e quanto ao que vive, mas simplesmente o deixa ansioso pelo próximo capítulo e pelo próximo livro da saga.
Este é um apelo. Um apelo a consumidores e a criadores de conteúdo: consumidores, não sejam uma horda de gafanhotos que avança num frenesi devorador sem preocupações de qualidade contra quantidade. Procurem algo melhor, algo que não seja mera literatura/música/cinema arroz com feijão. Vivemos hoje em uma época em que embora o acesso à informação cultural de qualidade ainda seja o privilégio de um punhado de esclarecidos que faz uso dessa informação para perpetuar o desequilíbrio, a proporção em que esse desequilíbrio é possível é ainda BEM MENOR do que na época de nossos pais ou avós.
E o apelo também vai aos criadores de conteúdo: não enxerguem o que estou dizendo aqui como uma tentativa de demonizar a cultura pop (da qual vocês são os perpétuos construtores), mas sim um alerta para que se cumpra a função essencial da cultura, que é fazer o homem, desde o primitivo caçador-coletor até o astronauta na estação espacial, refletir sobre si mesmo e sobre algo além de si. "Refletir", até no sentido de colocar uma imagem (de si mesmo) sobre o outro, sobre o infinito, sobre o fantástico, sobre o real, e ao ver a si mesmo refletido no outro ou no ambiente, com todas as distorções que esse reflexo possui, entender um pouco mais sobre a criatura complexa que possui em si o potencial para desencadear essas facetas que ela mesma não percebe em seu cotidiano.
Por fim, não vou perder tempo aqui apontando "culpados" de entretenimento massificado, até por que isso é o tipo de coisa que resulta em flame wars inúteis, e eu acredito que quando existe um problema é MUITO MAIS importante buscarmos sua solução do que ficarmos apontando o dedo ou desejando punição para um suposto culpado (que muitas vezes acabada sendo apenas um bode expiatório, mesmo). Em vez disso, como forma de estímulo aos leitores do blog (que aguentaram esta PAREDE de palavras e que não sejam bots), o que vou apresentar são alguns exemplos recentes (ou pelo menos relativamente recentes) de filmes, livros e música que estimulam a reflexão. Eu gostaria muito que os leitores do blog buscassem se expor a essas obras, discutissem a respeito delas na sessão de comentários e até mesmo indicassem outras que considerem capazes de despertar essa visão mais crítica. Então vamos lá:

Para começar, livros: gostaria de indicar "O Cavaleiro Feérico", do gaúcho Luiz Hasse, que nesta obra apresenta um ambiente medieval fantástico similar à Europa e tão culturalmente acurado que em certos momentos é muito fácil atribuir nomes ingleses/franceses/germânicos aos locais e personagens sem que nada soe estranho; de fato, tudo soa até mais natural dessa forma. O livro apresenta diversos questionamentos dos personagens com relação a moral, igualdade, honra, deveres e busca de identidade própria. O livro infelizmente não está disponível nas grandes livrarias (mas suponho que pode vir a estar, se elas forem pressionadas a esse respeito), mas pode ser adquirido diretamente no site da Editora Multifoco. E a quem interessar, eis aqui uma resenha do livro que fiz para o saudoso Gambiarra's Blog.
Outro livro que me impressionou bastante recentemente foi Selva Brasil, do paulista Roberto de Sousa Causo, atuante escritor  da ficção científica brasileira, que nesta obra curta e de fácil leitura apresenta justamente essas questões de reflexão, de enxergar a si mesmo no outro, reproduzindo este efeito primeiramente no processo de escrita, ao refletir a si mesmo no protagonista, então passando o efeito para outro nível, com o protagonista se refletindo em outros e por fim chegando ao nível em que o leitor se reflete no protagonista. Felizmente, esse livro é mais fácil de ser encontrado em grandes livrarias. Novamente, eu fiz uma resenha para o Gambiarra's Blog na época em que o li.

O próximo passo é a música: em primeiro lugar, que fique claro: eu sei que EXISTE muita música nova e criativa sendo feita mundo afora, para quem tiver a coragem de entrar em ação e procurá-la; também sei muito bem que eu não conheço muito do que está sendo produzido. No caso da música, ainda mais do que da literatura, é fácil você ser exposto ao diferente, então vamos às indicações:
Minha primeira indicação é a banda paulista Huaska, que realiza uma mistura entre heavy metal com guitarras pesadíssimas e bossa nova cheia de gingado e letras poéticas. É meio problemático falar do estilo deles, pois quando se fala em "misturar samba com heavy metal" o que vem à mente das pessoas são coisas como Overdose, Sepultura ou Angra, que usam elementos de percussão como preenchimento em uma base predominantemente metal; não é o que acontece com o Huaska, que conseguiu realmente um EQUILÍBRIO entre os dois elementos. Não é metal com tamborins enchendo linguiça e nem samba com guitarra pesada no lugar do cavaquinho. Merece uma audição livre de preconceitos. Em seu terceiro álbum, "Samba de preto" (disponível para download gratuito no site da banda), eles até tiveram a participação da cantora Elza Soares na faixa título. Eis aqui a resenha que fiz do álbum no The Book Zine.
Outra realização musical que merece atenção é o projeto O.P.O., do também paulista Frater Danoch, que cria, através de incontáveis camadas de guitarras distorcidas e dissonantes, aliadas a efeitos sonoros e samples variados, uma experiência claustrofóbica, opressiva e completamente cinzenta, com profunda inspiração em compositores experimentais como John Cage e Philip Glass. Seu álbum Dark Mind Order também está disponível para download e foi resenhado no The Book Zine.

Por fim, quanto a filmes, curiosamente são duas obras que tiveram bastante exposição como itens de cultura pop, mas que apresentam conteúdos bem maiores em suas camadas mais internas. Em primeiro lugar, temos o Cisne Negro, com Natalie Portman, Winona Rider e Mila Kunis, um belo de um drama psicológico (psiquiátrico, talvez?) repleto de informações a respeito da estética do balé, que acabou tendo a infelicidade de se tornar referência exclusivamente pelas referências a erotismo. E sim, eu fiz resenha dele também.
E o outro filme é Prometheus (advinha se teve resenha?), que foi recebido com uma saraivada de pedras pelo público que aguardava algo no estilo de Aliens: O resgate ou mesmo Alien 4, com tiroteios entre fuzileiros coloniais e extraterrestres com sangue corrosivo a todo o minuto, sendo que na real, o filme funciona mesmo é na dinâmica dos personagens entre si e no confronto entre criatura e criador, que ocorre em diversos níveis simultaneamente.

E é isso, gente. Se você não é um bot e sobreviveu a esta segunda parede de palavras após a primeira, obrigado e espero suas opiniões nos comentários!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Aonde tudo leva?

Salve galera!

Estou dando uma passadinha rápida, apenas para compartilhar um dos posts mais inteligentes que vi no Face este mês e que talvez seja o mais inteligente DO ANO. E como até o fim do ano provavelmente esquecerei dele, é mais fácil lembrar se ele ficar aqui.
O post foi escrito por um dos meus amigos, Luiz Hasse, professor, jogador de RPG e escritor (seus contos estão publicados neste blog aqui e eu resenhei o romance dele neste link aqui.).
Sem mais delongas, ladies and gentleman, as palavras de Hasse:
"Aonde tudo leva?

Um trabalhador de associa com outros trabalhadores e faz um protesto qualquer. Sua esposa, grávida, e ele próprio, são presos. Amarrado ou acorrentado, o homem é obrigado a assistir sua mulher sendo estuprada e sodomizada à força, e então espancada na barriga até abortar.

É ISSO O QUE VOCÊ QUER QUANDO QUER A VOLTA DA DITADURA

Uma jovem menor de idade, por participar de uma passeata, é presa. Na cadeia, é estuprada por meia dúzia de homens, além de espancada, insultada e humilhada. Depois, além de levar choques elétricos nos órgãos genitais, seios, ânus, olhos e dentes, tem um tubo introduzido no seu ânus por onde são despejadas barata e um outro na sua vagina onde um rato faminto é colocado na outra ponta.

É ISSO QUE VOCÊ QUER QUANDO QUER A VOLTA DA DITADURA

Um homem apóia incondicionalmente o governo, mas tem um filho que ama muito. Um dia, o filho não volta pra casa. Procura a polícia, e ela não sabe de nada, procura a imprensa e ela se nega a publicar o caso. Tenta investigar por conta própria e começa a receber ameaças.

E o filho nunca mais reaparece.

É ISSO O QUE VOCÊ QUER QUANDO QUER A VOLTA DA DITADURA

Agora pense...

Que esta é a SUA esposa, que esta é a SUA filha e este é o SEU filho.
“Mas eu não sou vagabundo como os outros eram!”
Você não precisa ser – basta que alguém decida que você é. É uma ditadura, lembra? Alguém decide por VOCÊ e você NÃO pode contestar.

Então... este é VOCÊ.

Debaixo da botina do soldado, surrado, humilhado e violentado, quase um boneco de carne sem humanidade, porque, talvez, alguém queria teu cargo na empresa, alguém interpretou mal o que tu falou ou simplesmente achou que tua namorada era bonita e quis te tirar da jogada, e por acaso esse alguém era amigo de algum agente da polícia política.
É ISSO QUE VOCÊ QUER QUANDO QUER A VOLTA DA DITADURA

Não queira reclamar depois... aliás, você não vai poder reclamar nem se quiser."
 Fim.

domingo, 13 de maio de 2012

Saudações, galera!
Nesta data, tradicionalmente apropriada pelo comércio como data comemorativa, quero deixar uma breve reflexão extraída do Facebook de Davi Batista, vocalista da banda hardcore pernambucana Nação Corrompida:
"Hoje é dia 13 de Maio! Para muitas pessoas emotivas, desinteressadas ou desinformadas é o Dia Comercial/temático das Mães, mas uma parcela da população brasileira vai refletir sobre esse dia, pois hoje são 124 anos(apenas) sem grilões e chicotes, 124 anos do fim de uma história antiga mas de reflexos muito atuais ,onde as mudanças parecem ser mais geracional que reais ,pois essa geração de privilegiados de hoje(Classe rica e média) são em maioria, netos e bisnetos dos fazendeiros e latifundiários desse passado escravista e detém ainda, o poder político, mesmo que esse poder tenha sido reduzido pela histórica preguiça dos mesmos, pois essa adiposa aristocracia rural não estava costumada a trabalhar e se viram quase sem rumo e falidos com o fim da escravidão! Outros que ficaram sem rumo fora os próprios negros, que por falhas na própria lei que os libertou não foram inseridos em uma nova realidade econômica em início de transição de economia agrícola predominante pra uma realidade mais industrial capitalista, como afirmou Getúlio Vargas muitos anos depois:
“Com a ausência de uma política que, após a abolição, cogitasse de substituir o trabalho escravo pela atividade livre, zonas outrora florescentes vieram a ser completamente abandonadas, e as populações aí vegetam, sem raízes, jungidas à voracidade dos novos senhores, que as exploram!”
Desculpem por macular esse “sagrado dia das mães” com lembranças tão horríveis e sombrias, mas pra mim não significa nada, é um belo domingo de sol, e olha que amo infinitamente minha mãe!! O dedo nessa ferida é importante para que possamos saber, entender e lembrar como foram constituídas as elites privilegiadas e suas tradições! Quantos pretos são necessários para sustentar uma tradição? Moro em uma cidade elitista (Caruaru) , e sei : Elites existem porque existiram escravos ou pessoas que trabalharam por pouquíssimo dinheiro!!"